Segundo coordenadora do CadÚnico, em alguns casos, a mulher pode até ter um parceiro, mas continua responsável pela renda da casa e pelos cuidados com os filhos. Cadastro Único
Divulgação/MDS
Em Piracicaba (SP), os dados atuais de inscrições no Cadastro Único (CadÚnico) mostram que 58% das famílias cadastradas são comandadas por mulheres que se declaram mães solo.
O CadÚnico é um instrumento do governo brasileiro para identificar famílias de baixa renda e oferecê-las programas de inclusão social.
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Os dados são do Observatório Social da Prefeitura de Piracicaba. Entre as 39.564 famílias que atualmente estão cadastradas, 21.180 (58%) são formadas por mães solo.
A coordenadora do CadÚnico Piracicaba, Mônica Rodrigues, explica que o processo de cadastramento é autodeclaratório, e que a porcentagem de mães solo corresponde às mulheres que, no momento do cadastro, se colocaram como a pessoa responsável e à frente da família.
Em diversas situações, apesar de ter um companheiro ou marido, a mulher continua responsável pela renda e pelos cuidados com os filhos, então, se declara como solo.
Mônica fala, também, sobre os números na cidade. Ela explica que o cenário é o retrato social de todo o país.
“Geralmente, são essas mulheres, que estão à frente da família, que buscam por outras formas para colaborar com a subsistência. Essas mães, que acabam ficando solo, acabam passando por outras situações de vulnerabilidade, e o cadastro pode servir como um aporte de contribuição.”
Paternidade ausente
Com sua experiência e observação sobre os casos, Mônica explica como a questão da paternidade reflete nos índices. Muitos dos pais, quando não estão satisfeitos com o relacionamento com as mães, se tornam ausentes.
“Às vezes, elas [mães] estão em alguns relacionamentos que não dão futuro, e os pais acabam não colaborando para o mantimento das crianças, tanto financeira quanto nas questões de afeto.”
Aplicativo do Cadastro Único (CadÚnico)
Reprodução/TV Anhanguera
Mulheres são maioria geral
A cidade de Piracicaba tem, atualmente, 89.536 pessoas cadastradas no CadÚnico. Dentro desse total, 51.869 são mulheres, uma taxa de 58% dos cadastros.
Mônica explica que isso acontece porque as mulheres tem uma tendência maior a procurar ajuda assim que começam a passar por dificuldades, especialmente financeiras. Os homens, por outro lado, sentem mais dificuldade em buscar auxílio.
“Mulheres, quando estão numa situação de vulnerabilidade, são as primeiras a pensar em uma estratégia pra que consigam sair dessa. Tem a questão do masculino não se ver nessa situação, de ter que buscar um auxílio para fora daquilo que é dele. É uma construção social que a gente tem. Existe uma aceitação social maior da mulher pedindo auxílio”, detalha.
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