De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, buscas pelo soldado da PM Luca Romano Angerami continuam. PM Luca Romano Angerami foi visto pela última vez perto de uma ‘biqueira’ em Guarujá (SP), no dia 14 de abril deste ano
Reprodução
O desaparecimento do PM Luca Romano Angerami, de 21 anos, completa um mês nesta terça-feira (14). Ele foi visto pela última vez perto de um ponto de tráfico de drogas em Guarujá, no litoral de São Paulo. Conforme apurado pelo g1, desde o começo das buscas pelo agente, oito corpos já foram encontrados e nove homens foram presos suspeitos de envolvimento no crime.
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O jovem PM saiu de uma adega na comunidade Santo Antônio, onde bebia com um casal, e dirigiu sozinho até a ‘biqueira’ na madrugada de 14 de abril. Ele teria ficado no carro por aproximadamente 40 minutos, até que dois homens se aproximaram do carro e o renderam.
Embora o caso já seja tratado como homicídio pela Polícia Civil, os agentes permanecem em campo para identificar e prender os autores do crime e dar um desfecho ao caso.
“O desaparecimento do policial militar segue em investigação pela Polícia Civil com apoio da Polícia Militar”, disse a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) ao g1, nesta terça-feira.
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O PM foi visto durante a madrugada do dia 14 de abril em uma adega na comunidade Santo Antônio com dois amigos. Depois, câmeras de monitoramento filmaram o agente sendo acompanhado por um homem até a biqueira onde foi visto pela última vez em Guarujá. Esse rapaz foi preso no último dia 19 de abril.
As imagens, obtidas pela TV Tribuna, emissora afiliada à Globo, mostram quando o PM chega em uma rua na comunidade às 6h41 em um carro de cor prata. O veículo era semelhante ao automóvel dele, que foi encontrado abandonado na Rodovia Cônego Domênico Rangoni.
Após o carro ser manobrado na via, o agente saiu do veículo. Luca vestia uma camiseta preta e calça jeans – como as roupas que usava na adega. Ele também estava ‘acompanhado’ de perto pelo outro homem, que usava bermuda branca e uma camiseta vermelha. Os dois entram em uma rua e, em seguida, não são mais vistos.
Prisões
Edivaldo Aragão (à esq) e Carlos Vinícius foram presos pelo envolvimento no sequestro do PM Luca em Guarujá (SP)
Divulgação
Na noite de 14 de abril, mesmo dia do desaparecimento, um homem identificado como Edivaldo Aragão, de 36 anos, foi preso por ser suspeito de participar do suposto assassinato de Luca. Ele foi abordado por policiais militares na Rua das Magnólias, próximo à adega.
Segundo o g1 apurou com a Delegacia de Homicídios de Santos, a Polícia Civil descartou o homem das investigações por entender que ele não teve envolvimento e confessou a mando de uma organização criminosa. Ele apenas foi indiciado por obstrução à justiça.
2º preso confessa envolvimento no sequestro
Na noite do dia 18, Carlos Vinicius Santos da Silva, de 26 anos, foi preso na Avenida das Acácias. Uma equipe da Polícia Militar leu mensagens em um celular que comprovaram a participação dele no crime. É ele quem aparece ao lado do soldado da PM na biqueira da comunidade Santo Antônio, a última imagem que se tem de Luca.
Mais quatro presos e carro apreendido
Depois que Carlos Vinicius foi detido, a polícia identificou mais suspeitos envolvidos, com base no depoimento e mensagens.
No dia 19 de abril, quatro foram presos. Cada um teria uma responsabilidade: um teria ficado com a arma de Luca; outro seria o dono da biqueira; um suspeito de abandonar o carro, e outro dirigido com o PM até a comunidade.
Sétimo e oitavo presos
Segundo o g1 apurou, um sétimo suspeito, conhecido como “Caga”, se apresentou espontaneamente na Divisão de Homicídios de Santos no dia 22 de abril.
Um oitavo homem, de 23 anos, foi preso por volta de 19h30 de 26 de abril no bairro Chácaras, em Bertioga. A PM chegou ao oitavo suspeito durante as investigações e com base nas informações obtidas em depoimentos anteriores. Conforme apurado com a Delegacia de Homicídios de Santos, o homem provavelmente mentiu ter envolvimento para despistar as autoridades.
Nono preso
Segundo a SSP-SP, o último preso foi um homem, de 41 anos, capturado por PMs na última sexta-feira (10) no bairro Jardim Primavera, em Guarujá.
Na ocasião, uma equipe viu o rapaz em atitude suspeita em uma via pública. Assim que ele notou a presença policial, entrou em um comércio, mas foi seguido pelos agentes. Em busca no sistema, a corporação constatou que havia um mandado de prisão temporária expedido contra ele.
Apesar de o conteúdo do mandado não ter sido divulgado, ele é suspeito de estar envolvido no crime contra o soldado.
Corpos encontrados
Robô aquático é usado para investigar sumiço do PM Luca Romano Angerami
Redes sociais/COE e Reprodução
De acordo com a SSP-SP, até a última atualização da reportagem, oito corpos e outros dois conjuntos de vestígios genéticos foram encontrados nas buscas pelo PM.
No dia 16 de abril, as polícias Civil e Militar receberam denúncias de que Luca havia sido morto e deixado na comunidade Pantanal, em Guarujá. No local, os agentes encontraram um corpo em uma cova rasa e com roupas semelhantes às usadas pelo PM no dia em que ele sumiu. O cadáver estava em uma área de mata e, segundo a polícia, não era do agente.
Já no dia 22 de abril, os agentes encontraram duas ossadas humanas na comunidade Vila Baiana. Em 24 de abril, por volta de 16h, a PM localizou mais três corpos enterrados na mesma localidade.
A TV Tribuna, emissora afiliada à Globo, apurou junto à polícia no local que dois dos corpos encontrados já eram considerados ossadas, enquanto o terceiro estava em estado de decomposição.
Segundo a SSP-SP, outros dois corpos foram encontrados no dia 2 de maio na Vila Baiana.
No último dia 27 de abril, peritos foram até um ponto específico da comunidade recolher vestígios genéticos em uma cova. Ainda não há como aferir se são humanos. Já no dia 30, policiais civis encontraram uma cova com vestígios de um cadáver na Rua Argentina, no bairro Jardim Vitória.
Delegado fala em morte
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O delegado Fabiano Barbeiro, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos, afirmou que o soldado da PM Luca Romano Angerami “foi executado covardemente por criminosos”.
Ele falou sobre a suposta morte do agente, que não foi confirmada oficialmente pela SSP-SP, durante entrevista ao repórter Matheus Croce, da TV Tribuna, afiliada da Globo.
“Ele foi executado covardemente por criminosos, integrantes do PCC [organização criminosa], que atuam na região no tráfico de drogas, e mataram o policial. E decidiram matar esse policial pelo simples fato de ele ser policial. Então, um ato covarde desses criminosos”, disse o delegado.
Barbeiro explicou que, até a última quinta-feira (25), a equipe contou com um cão farejador especializado em encontrar pessoas vivas. Sem avanços, no entanto, a polícia passou a utilizar os serviços de um animal um especializado em achar corpos.
Pai manda recado
Pai de PM sequestrado manda recado para criminosos nas redes sociais
O pai do soldado da PM Luca Romano Angerami, de 21 anos, que está desaparecido desde 14 de abril, publicou um vídeo nas redes sociais pedindo para os criminosos devolverem o corpo do filho dele. Segundo o delegado Fabiano Barbeiro, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos (SP), o PM “foi executado covardemente”.
A morte do agente, no entanto, ainda não foi confirmada oficialmente pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP).
O pai do soldado, Renzo Borges Angerami, é investigador da Polícia Civil de São Paulo. No vídeo, ele contou que o filho sumiu em 14 de abril e explicou aos internautas que estava falando como policial. “Eu sei, entendo. Se não fosse o meu, iria ser o de outro, né?”, iniciou.
“Acho que qualquer um entenderia, qualquer pai, vocês também são pais. Devolve [o Luca] para mim, firmeza? Sempre fui sujeito homem. Por favor, eu tenho direito de chorar o meu filho”, afirmou Renzo.
No início do mês, ele fez um apelo pedindo auxílio da população nas buscas pelo filho. “De novo eu vou pedir, cara. Só que agora eu vou pedir para as pessoas de bem. Rezem muito, continuem rezando. Eu ‘tô’ enfraquecendo por dentro, entendeu? São muitos dias. Foi dia 14 [de abril], hoje é dia primeiro [de maio]. Faz 17 dias que estou morrendo por dentro”, disse.
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