22 de julho de 2025

Em Porto Alegre, casas de milhares de pessoas estão alagadas há quase quatro semanas

A água estragou móveis e eletrodomésticos, desalojou as famílias e está minando a paciência dos cidadãos. Porto Alegre tem bairros alagados há quase 4 semanas, e moradores protestam
Em Porto Alegre, as casas de milhares de pessoas estão alagadas há quase quatro semanas. A água estragou móveis e eletrodomésticos, desalojou as famílias e está minando a paciência dos cidadãos.
Debaixo d’água há mais de 20 dias, o bairro Praia de Belas passou a receber a visita de garças. Uma delicadeza em contraste a cenas duras, como a de uma grávida que enfrenta a enchente.
“A gente tem que acompanhar o pré-natal, minha filha está quase nascendo; tô com oito meses e meio. A gente precisa que eles liguem essas bombas, mandem alguém para limpar”, reclama a zeladora Marciele Teris.
Na Zona Norte de Porto Alegre, com baldes nas mãos, moradores protestaram.
“Hoje nós viemos aqui fazer um protesto, da gente mesmo ser as bombas. A gente mesmo pegar os baldes para tirar água de dentro do nosso bairro. Nossas casas estão embaixo d’água, apodrecendo. E aí, vamos voltar para onde?”, questiona uma das manifestantes.
Moradores de bairros de Porto Alegre protestaram
JN
O diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos conversou com os manifestantes.
“Amanhã de manhã chega o gerador e, amanhã de tarde, a gente já vai instalar a primeira bomba. Ao mesmo tempo, hoje, a gente já vai agindo aqui também para melhorar o entorno e tirar aquele alagamento dali de dentro”, afirmou Maurício Loss.
A instalação da bomba de drenagem emprestada pela Companhia de Saneamento Básico de São Paulo começou ainda nesta segunda, mas o equipamento só deve funcionar nesta terça. Outras três operam no bairro Sarandi, mas ruas continuam inundadas.
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Faz 24 dias que a enchente invadiu ruas e casas do bairro Sarandi, na Zona Norte de Porto Alegre, um dos mais populosos. E ainda hoje, para sair ou entrar das residências, só mesmo de barco ou canoa.
“Agora a água baixou um pouquinho e fui lá. Consegui pegar uma TV pelo menos, porque tem o risco de roubo também, né? A gente não pode deixar nossas coisas abandonadas”, conta o motorista Francisco Mendes.
A Rodoviária de Porto Alegre começou a ser alagada em uma segunda-feira, 3 de maio. Imediatamente as operações foram suspensas. O movimento diário de dezenas de ônibus que chegavam e partiam deixou de existir. O local que, diariamente, recebia mais de 7 mil pessoas foi obrigado a fechar as portas e ainda não há previsão de reabertura.
No aeroporto, 15 bombas emprestadas por produtores de arroz da região sul do estado devolvem 500 litros de água por segundo ao rio Gravataí. O terminal ainda não tem previsão de reabertura.
Números da tragédia
O número de mortes confirmadas no Rio Grande do Sul subiu para 169; 53 pessoas seguem desaparecidas, e mais de 637 mil estão fora de casa.
A Secretaria de Saúde confirmou a quinta morte por leptospirose no estado. Ao todo, são 124 casos.
Choveu nesta segunda-feira (27) em Porto Alegre. Mas o nível do Guaíba seguiu abaixo dos 4 m – está em 3,89 m. Ainda acima da cota de inundação, que é de 3 m.
Na Região dos Vales, por causa da chuva, o Exército só deve terminar na terça-feira (28) a recolocação da passarela entre Lajeado e Arroio do Meio. Os militares estão transportando de bote os moradores, depois que a correnteza levou a primeira passarela na semana passada.
Na capital, as aulas, que tinham sido suspensas nesta segunda-feira (27) em função da previsão de ventania, vão ser retomadas na terça-feira (28) na rede pública e também na rede privada. Na rede municipal, elas seguem suspensas.
No bairro Sarandi, deve ser liberado na noite desta segunda-feira (27), até as 22h, o terceiro corredor humanitário de Porto Alegre. Ele dá acesso à BR-290, a Freeway. Os operários estão terminando a última etapa dessa obra para elevar o trecho, já que ainda há água em alguns pontos da avenida.
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