8 de julho de 2025

Perdas provocadas pelas enchentes no RS fazem com que agricultores pensem em desistir da atividade

O difícil está sendo calcular o impacto das enchentes no setor. Áreas rurais inteiras continuam isoladas. Ainda não é possível calcular o prejuízo que as enchentes causaram na agropecuária no RS
A essa altura, ainda é difícil estimar os prejuízos provocados pelas enchentes na agricultura e na pecuária.
O quanto a agricultura e a pecuária são importantes para o Vale do Taquari é fácil saber.
“A agricultura no município de Cruzeiro do Sul, ela representa 39% do retorno do município”, diz Gerson Kolling, Secretário de Agricultura de Cruzeiro do Sul.
O difícil está sendo calcular o impacto das enchentes no setor. Áreas rurais inteiras continuam isoladas. A equipe do Jornal Nacional tentou chegar a uma em Cruzeiro do Sul, até cruzou a primeira parte alagada, mas o que esperava logo à frente era mais complicado.
Do lado de lá do atoleiro está uma parte da lavoura de soja do agricultor Evandro Dihl. Ele pretendia tentar salvar algo lá hoje.
Evandro: “Com esse tempo chovendo agora vamos ver como consigo.”
Repórter: “Para colher tem que dar quantos dias secos?”
Evandro: “No mínimo, uns 2, 3 dias.”
Ele tem também uma segunda área, em Cruzeiro do Sul, onde o JN conseguiu chegar. Mas ali não sobrou nada.
“Nem as contas eu vou conseguir pagar. Não sei nem o que eu faço, se eu fico na roça ou se eu trabalho fora”, lamenta Evandro.
Cidade após cidade, lavouras foram arrasadas. Rebanhos inteiros dizimados. Propriedades destruídas. Onde havia campos produtivos sobrou um deserto de lama estéril.
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Em Cruzeiro do Sul, o perfil do agricultor não é muito diferente do resto do Vale.
“Mais de 90% das famílias da agricultura aqui no município são consideradas agricultores familiares. Eles falam muito em até desistir da atividade. Então, vai acontecer o chamado êxodo rural. Essas pessoas vão sair do meio rural, vão deixar de produzir alimentos e vão procurar um emprego, vão buscar uma renda fora da agricultura”, diz Maurício Antonioli, extensionista rural da Emater.
O agricultor Alcides de Melo é um produtor familiar.
“A gente cria um porquinho, a gente cria um cordeirinho, a gente faz a hortinha”, conta ele.
A equipe do JN encontrou ele no centro da cidade porque ele não pôde ainda chegar na propriedade. Não sabe se tem casa, e também não sabe se quer voltar para ela.
“A gente tem a possibilidade de vir para cidade e onde der para a gente comprar uma chacrinha amanhã ou depois, uma área verde, pertinho assim, fazer uma hortinha e terminar com esse assunto de está passando dificuldade em um lugar onde pega enchente, que não está seguro para nós”, diz Alcides.
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