8 de julho de 2025

Procurador do MPF e funcionários do Ibama e Idaf são feitos reféns em comunidade indígena do Acre

A informação é de que até o momento, somente os servidores do Idaf foram libertados após negociação. Situação ocorreu na terra indígena Campinas/Katukina, distante 80 quilômetros da cidade de Cruzeiro do Sul. Imagens mostram início de discussão entre indígenas e comitiva na comunidade Katukina
Um procurador do Ministério Público Federal (MPF-AC), dois superintendentes do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Ibama) e quatro funcionários do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf) foram feitos reféns na Terra Indígena Campinas/Katukina, distante 80 quilômetros da cidade de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, nesta quarta-feira (13). A informação foi confirmada ao g1 pelo instituto.
Na comitiva que visitou o local, também estavam outros funcionários do MPF. De acordo com o Instituto, os indígenas pediam um valor de R$ 30 milhões em conta para liberá-los. Imagens enviadas ao g1 mostram o início da discussão entre a liderança indígena e a comitiva durante a reunião (veja acima).
O processo de negociação era para que os indígenas tivessem alguns benefícios para a comunidade após a construção do Linhão, que liga Rio Branco a Cruzeiro do Sul. Na ocasião, o MPF foi ao local para formalizar a assinatura do termo de adesão.
No entanto, no início da manhã desta quarta, indígenas não queriam mais negociação e prenderam a comitiva no local.
A informação é de que, inicialmente, apenas os funcionários do Idaf havia sido libertados após negociação. E por volta das 15h30 o procurador do MPF e os superintendentes do Ibama foram soltos.
A Polícia Federal (PF-AC) foi acionada para acompanhar o resgate. O g1 tenta contato com a Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ), mas não teve sucesso até a última atualização desta reportagem.
O MPF se manifestou em nota, segundo o órgão, o procurador havia se reunido com as lideranças indígenas na terça-feira ‘para colher informações e as impressões da comunidade sobre o andamento dessas obras’.
Na ocasião a comunidade apresentou uma lista de reclamações e pedidos e uma nova reunião havia sido marcada para esta quarta.
“Durante a reunião, os ânimos se exaltaram e os indígenas chegaram a atravessar um trator da empreiteira no acesso à aldeia, dizendo que só abririam com o encaminhamento das demandas”.
Segundo o MPF foi feito um acordo para que a empresa responda aos pedidos da comunidade, e, paralisem as obras até a solução das demandas.
Terra Katunina, em Cruzeiro do Sul
Reprodução/Google Earth
Linhão
As linhas de construção para transmissão de energia para o Juruá tem uma extensão de aproximadamente 685 km e atravessa as terras indígenas. Uma delas, de 385 km, tem início em Rio Branco com término até Feijó. A outra, com 300 km, vai de Feijó até Cruzeiro do Sul.
MPF recomenda que concessão do linhão que liga cidades do AC seja retirada de leilão da Aneel
MPF-AC diz que obras de Linhão do Juruá atingem terras indígenas
Obra de ‘Linhão’ até Cruzeiro do Sul deve gerar 1,2 mil empregos diretos
Eletronorte solicita licença para obras de linhão até Cruzeiro do Sul
Construção do Linhão do Juruá deve iniciar em agosto, afirma Eletronorte
Em razão disto, um Termo de Cooperação Técnica seria assinado para ofertar aos Katukinas cursos, apoio para realização de festival indígena, acesso a eventos de artesanato de nível nacional, entrega de carteira de artesão, dentre outras parcerias que, no total, somariam R$ 27 milhões. Isto foi feito para reduzir os danos ambientais causados pela construção do linhão.
Confira a íntegra da nota do MPF:
A visita às obras do linhão foi feita ontem a convite da empresa que está responsável pelo empreendimento, que queria demonstrar o andamento das obras para os órgãos envolvidos na fiscalização, licenças, Etc…
Na tarde de ontem, o procurador se reuniu com as lideranças indígenas para colher informações e as impressões da comunidade sobre o andamento dessas obras, e como os indígenas apresentaram uma lista de reclamações e pedidos, o procurador chamou uma reunião hoje pela manhã com a empresa e os indígenas para tratar dessas reclamações.
Durante a reunião, os ânimos se exaltaram e os indígenas chegaram a atravessar um trator da empreiteira no acesso à aldeia, dizendo que só abririam com o encaminhamento das demandas.
O MPF mediou a situação, deu um prazo para a empresa responder aos pedidos, e, diante da decisão dos indígenas de paralisarem as obras até a solução das demandas, conseguiu também um prazo para que a empresa fizesse os serviços necessários à segurança das instalações parciais que já existem no local.
Diante disso, a reunião foi encerrada e o acesso foi liberado. Todas as pessoas que estavam na ocasião saíram em segurança.
Esta reportagem está em atualização.
VÍDEOS: g1

Mais Notícias