Em março, foram registrados 7,5 mil, em abril cerca de 8,2 mil e em maio, quase 9 mil. Governo está em emergência por síndromes gripais. UPA do 2º Distrito de Rio Branco atende quase 9 mil casos de síndromes gripais
Eldérico Silva/Rede Amazônica
Os casos de síndromes respiratórias agudas graves (SRAG) continuam preocupando a Saúde do Acre. Somente na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Segundo Distrito de Rio Branco, por exemplo, mais de 8,8 mil atendimentos de síndromes respiratórias foram feitos somente em maio.
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Os dados são da coordenação da unidade repassados à Rede Amazônica Acre. Segundo o médico Moisés Menezes, durante o mês de março foram registrados 7,5 mil atendimentos na unidade de saúde. Em abril o número subiu pra 8,2 mil e em maio, quase 9 mil.
O profissional explicou que a maioria dos atendimentos são causados pelo vírus sincicial respiratório, que é aquele vírus que causa a bronquiolite nos bebês. Então, a gente até reforça para que as mães evitem sair de casa com esses bebês, alertou.
A professora Aline Souza, mãe da pequena Sofia, sofre ao ver a filha com uma febre que não passa. Nessa semana, ela buscou o atendimento na unidade de saúde.
Já está com um mês que eu estou lutando com ela, tanto com tosse como febre e estou dando medicamento, mas até o momento não passou. Bateu um desespero por ver minha neném com vários dias e eu sem ter o que fazer, lamentou.
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O fazendeiro Danilo Silva teve que voltar com o filho para a UPA pois a criança estava com dificuldade para respirar.
Não está dormindo, três noites sem dormir, dias sem comer. Febre direto e agora vamos tentar mais uma vez. Trouxe aqui para ver o que eles vão passar e depois voltar pra casa e ver o resultado, informou ele.
Até às 18h da última quinta (29), 65 dos 70 leitos infantis estavam ocupados. Já das Unidades de Tratamento Intensiva (UTIs), 15 das 20 estão ocupadas, segundo o painel de leitos da Sesacre.
Com aumento de síndromes gripais, Saúde volta a ampliar leitos no Hospital da Criança
Emergência em saúde
Por conta da alta nos casos de SRAG entre crianças, o governo decretou, no dia 10 de maio, situação de emergência em saúde em todo o Acre.
O decreto, assinado pelo governador Gladson Camelí, considera o aumento exponencial da procura por atendimento nas unidades estaduais de saúde, com grande número de queixas de sintomas gripais, além da ocupação dos leitos pediátricos.
Por conta desse aumento, o governo do Acre também anunciou, na última terça-feira (27), uma nova ampliação nos leitos de enfermaria do Hospital da Criança, em Rio Branco. Conforme a Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre), foram acrescentados 10 leitos à unidade, levando o total a 70 leitos.
Segundo a Saúde, os casos acontecem com mais frequência entre abril e julho, já que esse é tradicionalmente o período sazonal das síndromes gripais. Nesse período, geralmente há aumento de doenças respiratórias causadas por vírus como Rinovírus, Influenza A e B, Vírus Sincicial Respiratório (VSR), Adenovírus e Coronavírus (SARS-CoV-2).
A preocupação, porém, é porque crianças pequenas e pessoas idosas são os grupos mais afetados nesse período. A maioria dos casos graves envolve pessoas com comorbidades.
Bronquiolite
A doença começa com sintomas de resfriado comum, mas que podem evoluir de forma prejudicial. Inicialmente, pode apresentar coriza clara, tosse, obstrução nasal, febre, irritabilidade e dificuldade para se alimentar.
Nestes pacientes, por serem muito novos e não conseguirem expectorar a secreção, os sintomas podem progredir para tosses mais intensas, dificuldade para respirar e chiado no peito. Nesses casos, a orientação é procurar um médico e o mais brevemente possível.
Outro sintoma preocupante é o que os médicos chamam de retração de fúrcula, ou seja, o afundamento da região do pescoço, logo acima do osso chamado esterno.
Bronquiolite
Arte g1/Kayan Albertin
O VSR (vírus sincicial respiratório) está associado a até 80% dos casos de bronquiolite, inflamação que dificulta a chegada do oxigênio aos pulmões, e a até 40% dos registros de pneumonia em crianças menores de 2 anos, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Existe vacina disponível contra o VSR na rede privada e o Sistema Único de Saúde (SUS) já anunciou que também vai oferecer o imunizante.
Os médicos afirmam que é importante reforçar algumas medidas que previnem os bebês de contraírem a doença:
Sempre higienizar corretamente as mãos ao segurar um bebê;
Evitar levar o bebê em locais com pouca ventilação;
Não permanecer com o bebê em locais onde haja fumaça de tabaco;
Evitar a exposição do bebê a pessoas com sintomas respiratórios;
Desinfectar superfícies e objetos potencialmente contaminados.
Crianças prematuras e com problemas cardíacos ou pulmonares estão no grupo de risco. Além disso, em alguns casos, pode haver predisposição genética para episódios mais graves.
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